Morre funcionário da prefeitura de Cururupu atingido por tiro durante protesto

A situação em Cururupu é bastante delicada e ilustra o entrelaçamento entre segurança pública, atuação policial e o impacto das facções criminosas nas comunidades.

A morte de João Carlos Reis, o “Fofoca, durante o protesto, acendeu ainda mais os ânimos da população. O fato de o disparo não ter partido da polícia – que nem estava presente no momento – sugere que ele pode ter sido vítima do próprio fogo cruzado entre manifestantes armados, o que aumenta a tragédia: uma pessoa reconhecida pela comunidade, alheia ao confronto direto, perde a vida.

O protesto que antecedeu a morte dele tem como pano de fundo a desconfiança de parte da população em relação às operações policiais. Familiares dos três jovens mortos em confronto com a PM acusam a corporação de execução, enquanto a versão oficial da polícia é de que os agentes foram recebidos a tiros, e que os suspeitos estariam envolvidos em sequestro e atuavam a mando do Comando Vermelho.

Esse ciclo de violência é agravado porque:

  • A comunidade sente-se desprotegida e, muitas vezes, hostilizada;

  • As facções aproveitam esse sentimento para se fortalecer;

  • A polícia responde com operações de alto risco, que podem resultar em mortes e alimentar novas revoltas.

A presença do CTA (Centro Tático Aéreo) indica que o Estado reconhece a gravidade da situação. No entanto, como referiu, apenas a repressão não resolve: é preciso inteligência policial, prevenção social e reconstrução de laços comunitários para quebrar o ciclo de violência.

Tragédias como a de Fofoca expõem a vulnerabilidade da população, que acaba ficando no meio do fogo cruzado, seja entre facções rivais ou entre facções e forças de segurança.

Entenda o caso

Na noite de sexta-feira (15), por volta das 23h30, um confronto entre policiais militares e integrantes do Comando Vermelho deixou três mortos e um ferido.

Segundo a Polícia Militar, uma guarnição recebeu denúncia anônima informando que cinco faccionados estavam em duas motocicletas no povoado Salinas, após saírem de Cururupu. Ainda de acordo com a denúncia, os suspeitos teriam invadido a residência dos irmãos Renato e Edinielson, sequestrando Renato para submetê-lo a um suposto “disciplinamento” – prática de punição aplicada por facções criminosas.

O confronto

Durante o patrulhamento, os policiais localizaram motocicletas com as características informadas. Os ocupantes teriam desobedecido à ordem de parada e, em seguida, atirado contra os agentes, que revidaram. No tiroteio, quatro suspeitos foram atingidos e um conseguiu fugir. Com eles, foram apreendidos dois simulacros de arma de fogo (réplicas).

Feridos e óbitos

Os quatro baleados foram socorridos e encaminhados à Santa Casa de Misericórdia de Cururupu. Três deles não resistiram e morreram no hospital; o quarto segue internado.
Os mortos foram identificados como:

M. S. D., 31 anos, residente no bairro Fátima;

S. C. A. S., morador do bairro São Benedito;

T. C. A. D. C., também residente no bairro Fátima.

O sobrevivente foi identificado como M. J. D. P., do bairro Beira do Campo.

Vítima do sequestro

Renato, sequestrado pelos suspeitos, foi localizado no povoado Salinas com lesões no braço esquerdo e na costela direita. Segundo relatos, uma equipe de saúde teria inicialmente se recusado a prestar socorro, mas após insistência o atendimento foi realizado.

Em nota conjunta, o prefeito Aldo Lopes e o vice Gustavo Pestana, lamentaram a morte prematura do servidor e destacaram sua dedicação ao longo de mais de 20 anos de serviços prestados ao município.

A nota de pesar da Prefeitura de Cururupu informa o falecimento do servidor João Carlos Reis, conhecido como Fofoca, ocorrido em 18 de agosto de 2025. Ele trabalhava como gari há mais de 20 anos, sendo descrito como dedicado, alegre e querido por todos. João Carlos foi baleado durante o trabalho, ainda chegou a ser levado para a Santa Casa de Cururupu, mas não resistiu aos ferimentos. O caso está sob investigação.

A prefeitura destaca que sua perda deixa um vazio entre colegas, amigos e familiares, causando grande comoção na cidade. A gestão municipal manifesta solidariedade à família e pede a Deus que conforte seus corações.

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